Artigos, Política

O retrocesso é logo ali dobrando a esquina…

Há a descrença e há o descrédito. É pensando nisso que vejo o governo de Jair Bolsonaro em um estranho e perfeito equilíbrioentre os dois termos. Atravessamos uma centena de dias até aqui e o que podemos afirmar é que o presidente da República e sua trupe de patetas orgulhosos têm nada a comemorar, celebrar ou o que quer que seja.

Jair Messias Bolsonaro deveria apostar em um bom banho de sal grosso mais que em uma chuva dourada para lidar os seus erros e desatinos que caracterizaram estes três meses estranhos.

Não devemos entrar na dinâmica do “avisamos, não!?” você dirá, mas apontar, explicar e demonstrar as contradições, hipocrisias e pirações coletivas que ora caracterizam Bolsonaro e trupe é um exercício inevitável – e dissecar a “piscina de chorume” que borbulha atualmente me parece algo que urge.

Não foram poucos os problemas e situações delirantes que Bolsonaro & Sua Turma produziram nesta centena interminável e hilariante de dias e, pelo que pudemos observar até aqui, a dinâmica em espiral de situações beirando o delírio não cessarão como mágica ou intervenção divina.

Não, não… O percurso que nos aguarda através dos diferentes Purgatórios (para os eleitores do sujeito) e Infernos (para aqueles que, como eu, percebem o atoleiro que surge no horizonte) indica que estamos entregues ao tipo de “sorte” que nos embalará enquanto atravessamos este percurso.

O Mundo não se contorce com Bolsonaro, mas nós sim. Não há como não se contorcer com a negação da História, a distorção do real, a falácia enquanto Estado da Arte e a mentira… Ah, a mentira. Ela é a grande arma de Jair e sua turma. A mentira repetida, redesenhada de modo a torcer, distender e buscar a reconfiguração do real.

Quando Bolsonaro e o chanceler Ernesto “Anauê” Araújo sugerem um “nazismo é de Esquerda” não o fazem porque desconheçam os livros – especialmente no Mein Kempf – que apontem o contrário, mas porque esta afirmação se contorce criando a atmosfera de propaganda ideal para o regime em curso – como disseram, o fantasma de Goebbels paira sobre a cabeça de Jair há muito.

O retrocesso é o redesenho que busca ofuscar a normalidade e Jair Bolsonaro e trupe entendem que esta pantomima fascista ofusca as atenções, desvia idéias e conduz seus adversários a um retesamento permanente que, mais que prejudicar o projeto daqueles que puxam suas cordas, termina por mantê-los continuamente nas sombras.

O retrocesso capitaneado por Jair Bolsonaro é a busca da normalidade delirante e permanentemente tensionada. Desmontar esta farsa depende de uma compreensão mais ampla dos atores até aqui dispostos e do esfaçelamento de suas idéias e valores.

Sem isso, restará somente a espera por um milagre e estes não caem das árvores…

Padrão

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Esse site utiliza o Akismet para reduzir spam. Aprenda como seus dados de comentários são processados.