Desconstrução, Desmonte, Dilapidação. Estes serão os termos daqui por diante. Com a saída de Dilma Rousseff da presidência através do “golpe constitucional” referendado neste dia 12 de maio pelo Senado brasileiro, o que vem a seguir é de todo previsível. As pistas estão dadas através dos noticiários e das páginas dos jornais e revistas: a primeira fase, a da desconstrução, deve iniciar-se imediatamente.
Para tanto, todas as “mazelas” das gestões petistas serão lançadas aos cães. Não importarão os avanços no Social e na inclusão, mas, antes, como forma de agrado ao mercado e à turba de beócios que espumavam – e espumam – pelo golpe, interessa demonstrar que as escolhas petistas fizeram a “máquina pública crescer demasiadamente”, que o governo interino de Temer deverá “cortar a própria carne” para “reduzir o tamanho do estado” e que a população em geral “deverá estar preparada para o sacrifício”. Este é o discurso para o mercado: para este, a desconstrução é urgente e imprescindível…
Teremos o desmonte. As conquistas das gestões petistas, após a descontrução, deverão ser desmontadas. O projeto Ponte para o Futuro do PMDB do interino Michel Temer descreve bem este caminho com sugestões para “privatizar tudo o que for possível”. A privatização é apenas um momento, antes, urgente para os interesses do mercado e da Casa Grande, é necessário desmontar: é no desmonte que conquistas como os institutos federais de educação tecnológica e as universidades públicas federais passarão por seus momentos mais difíceis.
O discurso será que esta estrutura não deve ser responsabilidade do Estado, mas, sim, do mercado: a iniciativa privada terá que assumir tal e, portanto, nega-se o direito à educação previsto constitucionalmente. O desmonte também passará pelos programas sociais, especialmente o Bolsa Família – que, como dito por alguns, deve ter seu espectro reduzido e atingir apenas 5% da população pobre do país. O desmonte nega a inclusão, o resgate. Ele, o desmonte, passa pelas empresas públicas também.
Esta é a etapa seguinte, a dilapidação. Não é de admirar que o foco seja a Petrobras. Mas, antes, as reservas do pré-sal. Não apenas: com a ascensão de Temer, tudo passa a ser mercadoria em um grande balcão de negócios. Não à toa, a grita do senador e agora ministro das Relações Exteriores, José Serra, mais encorpado e capaz de negociar lá fora o produto do desmonte. Na dilapidação, como na década de 1990, vão-se o que se pôde produzir no país, não só sua matéria-prima, mas a infraestrutura desenvolvida/recuperada pelas gestões petistas.
Assim, o momento não é de um governo fruto de conspirações e um golpe que chega ao poder, mas a derrota de uma Democracia que durante pouco respirou algo para os seus. O Brasil envereda novamente pelo caminho que a Casa Grande escolheu: não pelo voto dos seus, mas pela força daqueles que, derrotados e inconformados com a distância do poder, cresciam seus dentes para abocanhar a botija. Bem vindos a um outro país. Não o tal “país do futuro”, mas um acostumado a “repetir o passado”.
A nós, resta tão somente resistir. Sempre.
Luto é verbo, meus amigos. E a Democracia vale a luta…