Olha, tem um disco que está em rotação máxima por aqui: não paro de ouvir Dias Raros das Melenas.
A culpa por isso é toda do Henry Rollins e do programa que ele tem na KCRW, mas não reclamo: foi uma descoberta que até agora, passadas umas três semanas, ainda perdura.
As meninas são de Pamplona, na Espanha, mas são donas de uma sonoridade que as remete a qualquer lugar entre os anos 1990 e 2010 em qualquer lugar nos dois lados do Atlântico que produziam um som com texturas etéreas para canções perigosamente cativantes e que te arrebatam logo nas primeiras audições.
Sério, Dias Raros tem rolado por aqui e me pego em diferentes momentos retornando a elas no Spotify. Inevitavelmente esbarro e sigo ouvindo o disco e, não raro, volto ao início para escutar novamente. O disco é um daqueles raros momentos em que uma sonoridade deliciosamente pop encontra os aspectos mais elementares daquela pegada indie/alternativa/garageira que você tanto gosta e que anda escassa nesse dias.
Está tudo lá, podem conferir: as meninas mandam muito bem.
Até pouco, vinha escutando algumas das bandas que adoro: The Breeders, Violeta de Outono e Pin-Ups. Preciso dizer que as Melenas caíram feito luvas nessa pegada que mantive há alguns dias por essa pandemia: há um brilho impressionante em canções como No Puedo Pensar que me fez remeter às melodias do Belly e às guitarras de Tanya Donnelly.
Há algo de um Star nesse novo trabalho das Melenas, assim como há algo de quase tudo o que fez minha cabeça nos anos 1990: as guitarras que gritam melodicamente, os vocais etéreos, a falsa atmosfera de despretensão que envolve canções que nos brindam com aquela percepção que só temos a partir da garagem, do fundo da platéia, de quem se aparta para apreciar o que está a acontecer…
Me alegra, confesso, que um grupo como as Melenas aposte em uma sonoridade como essa. São poucos nesses dias capazes de soar tão autênticos e brilhantes como elas…
Parabéns, meninas: suas canções não desgrudam da minha cabeça e isso é um bom sinal – ao menos para mim – de que vocês têm muito pela frente…